domingo, 3 de junho de 2012

Coisas que cansam


Tem algumas coisas que me cansam: rotina, ócio, a escolha entre o chocolate branco e o preto, saudades de quem está perto, correria inesperada, prova surpresa, falta de vontade de fazer dar certo e pessoas que querem ser o que não são. É, gente assim me cansa. E eu não entendo como alguém pode querer abrir mão de suas particularidades. Uma coisa é você se inspirar em alguém que admira, seguir tendências de moda, fazer de tudo para pertencer a alguma tribo. Outra coisa é você dissimular, fingir ter o que não tem, aparentar ser o que não é, mentir para si mesmo – e essa é a pior mentira, já nos ensinou o mestre Renato Russo.

sábado, 3 de março de 2012

Você me deixa...


Excerto de uma carta, talvez enviada...

Você me deixa com vontade de viver.
Ok, eu sei que já tenho incontáveis motivos para isso, mas sempre desejei encontrar a pessoa certa. Ou a pessoa ideal. Alguém para mandar um “bom dia, obrigado por habitar o mesmo universo que o meu” ou para pensar toda vez que deitar na cama e toda vez que acordar. Alguém que me faria sorrir à toa e cantar, cantar e dançar nas horas menos próprias. Agitar com o simples intuito de extravasar a felicidade que quase nem cabe mais dentro do peito.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Não namore um poeta

Eu, se fosse você, nunca escolheria namorar um poeta. O ideal é realmente evitar qualquer tipo de aproximação mais sentimental.
Poetas são muito chatos.
Eles ficam vendo beleza em tudo, imaginando poesia até na hora de dobrar a esquina e têm uma mania medonha de tentar entender os sentimentos humanos.
Deve ser um saco ter que ouvir todos os dias o quanto se é lindo e especial. Sim, porque poetas acham que nunca estão agradando suficientemente quem amam e por isso mandam avisos e poeminhas e SMS’s românticas diariamente.

sábado, 19 de novembro de 2011

Inverno

Primeira semana

Eu até tentei falar uma bobagem à toa, qualquer coisa que pudesse te fazer rir, como sempre acontecia entre a gente. E por mais que tenha sido engraçada a minha piada, aquele riso gostoso e frouxo não saiu. Ao contrário. Não escuto absolutamente nada e é esse inaudível barulho do silêncio que me irrita. E me entristece, profundamente. E as minhas mãos estão tão frias, tão geladas, assim como havia sido o nosso encontro de semana passada, aquele que, no fundo, sabia – seria inesquecível. Estou sim, ao teu lado, mas não mais posso te tocar, sentir o suave aroma do teu perfume, o teu toque que eriça meus pelos e despenteia meus cabelos. Então pra quê essa proximidade, meu Deus? Nem sei mais o que faço aqui, a minha visita serve apenas como uma forma de tortura. Autossofrimento. Desde a última semana, os dias passam como se fossem anos e é por causa dessa maluquice que eu também envelheço. É um desgaste físico e sentimental, que não levam apenas o frescor da minha juventude, mas também a minha imensa vontade de viver. Não dá mais pra ficar vivendo só de lembranças e incertezas, afinal, a única certeza que tenho é a de que um dia o sol descobre-se das nuvens. Lembro do vento cortante que cruzou meu caminho quando nos despedimos. É o mesmo vento que agora nos vela. Vela nossa história, sem presente e sem futuro. Vela, mais uma vez, a despedida. Tchau, semana que vem eu volto.

domingo, 13 de novembro de 2011

Claudia Tajes e eu

O relógio do celular marca 18h30min. Em meio à multidão que passa e repassa em minha frente, procuro apenas um rosto. Nas mãos, um suor frio. Na mochila, uns livros e um bolo que naquela altura provavelmente já virou patê. Faço de conta que escuto a conversa das gurias ao meu lado, mas nada prende minha atenção, a não ser aquelas caras andantes que nenhum pouco se parecem com a dela. Até que ela surge, inexplicavelmente, ao meu lado.
Nem tão impossível de explicar, é porque no desespero de avistá-la ao longe, esqueço de cuidar pelos lados.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sono interrompido

Não me peça equilíbrio às sete horas da manhã.
Os dias são cada vez mais agitados e as noites de sono cada vez mais curtas. Aqueles que podem dormir cedo são agraciados, conseguiram da rotina as suas liberdades condicionais. Deitar cedo. Por que levantar cedo é pré-requisito para uma vida em sociedade. Há os que juram gostar, há os que detestam, sobretudo nas segundas-feiras. Porém, a maioria não encontra escapatória. É encarar ou encarar.

domingo, 10 de julho de 2011

O Aquecedor

Comprara seu amor em dez vezes sem juros. Permanecera cansado por longas semanas. Esteve prestes a decretar desistência nisso que chamam de reciprocidade, sentimento mútuo, amor correspondido. O inverno havia chegado e mostrado todo o seu potencial congelante-destruidor. As manhãs eram frias e as noites alongadas. E a solidão o definhava, lenta e gradativamente. Juntou uma propaganda de loja da rua e mudou os planos do dia.