domingo, 13 de novembro de 2011

Claudia Tajes e eu

O relógio do celular marca 18h30min. Em meio à multidão que passa e repassa em minha frente, procuro apenas um rosto. Nas mãos, um suor frio. Na mochila, uns livros e um bolo que naquela altura provavelmente já virou patê. Faço de conta que escuto a conversa das gurias ao meu lado, mas nada prende minha atenção, a não ser aquelas caras andantes que nenhum pouco se parecem com a dela. Até que ela surge, inexplicavelmente, ao meu lado.
Nem tão impossível de explicar, é porque no desespero de avistá-la ao longe, esqueço de cuidar pelos lados.

Claudia Tajes é daquelas pessoas que tu gosta de primeira. Um sorriso meio tímido, meia dúzia de palavras trocadas e tu já vai querer carregá-la para sempre em tua vida. Claro que isso não é nenhuma novidade para mim. Já nos correspondíamos virtualmente há algum tempo, até o dia em que surgiu a oportunidade do encontro na 57ª Feira do Livro de Porto Alegre. Claudia poderia ter dado uma desculpa qualquer, inventar um compromisso inadiável na Bahia ou um encontro em uma sociedade secreta de escritores porto-alegrenses... Mas não. A autora de “Dez Quase Amores” prontamente disse sim ao convite e agora cá estamos, sentados em um banco na Praça da Alfândega.
Ela ouve minha explicação sobre o Käsekuchen, o bolo de requeijão exclusivo de Panambi. “É um presente da minha terra, espero que goste”. Claudia promete gostar e autografa todos os meus livros de sua autoria. “Sou bem ciumento com eles, não empresto nem para minha irmã”.
As gurias que me acompanham também se jogam no momento tietagem. Depois da apresentação, em frente à banca da L&PM, Claudia lembra o nome das três e da mesma forma assina seus livros, com todo carinho e a atenção que lhe é peculiar.
Agora, entrego o presente, temendo muito pelo seu atual estado. Se eu, que sou humano, após andar 400 km dentro de um ônibus e enfrentar o sol de mais de 30 °C da capital gaúcha, estou acabado, imagina a coitada da torta que é feita de ricota e açúcar. Mas obviamente que a mantive refrigerada e a entrego a Claudia dentro de uma sacola térmica.
Logo, se junta a nós Nei Lisboa, o namorado da escritora. Já o aviso que o presente é dela, mas que ele vai poder também desfrutar. Caminhamos até a banca da Caixa, onde o casal música-literatura bate um papo e anima o pessoal que passa por ali. Eu e Maria Julia não arredamos o pé e ficamos cada vez mais encantados com a dupla.
Ao final, me despeço de todos e rumo ao hotel. Caminho devagar e tento medir mentalmente o quanto este encontro significa para mim. Deve ser as palavras de Claudia, a linguagem literária, os personagens tão divertidos e tão humanos... Deve ser a sua genialidade bem-humorada, a sua maneira exclusiva de olhar a vida e encarar os problemas... Ou melhor, deve ser a compactação de tudo isso, aliada a toda a sua atenção desmedida aos milhares de leitores que a procuram. E entre esses milhares, (serão milhões, num futuro próximo) eu tive a chance de estar uma horinha ao seu lado.
Claudia, novamente, mudou meu dia e me deixou mais contente, com a diferença de que, pela primeira vez, isso aconteceu cara a cara e não apenas através da literatura. O sol já se põe lá no Guaíba e a Rua das Andradas vai ficando para trás. As minhas costas, agora, não carregam somente a bolsa cheia de obras tajianas, mas, também, a felicidade pela aproximação com a minha escritora preferida. E uma alegria igual a essa não cabe em mochila alguma.

Vinícius Dill Soares
Novembro de 2011


3 comentários:

  1. Muito obrigado por proporcionar esse momento único para mim, Claudia. Um abração.

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  2. Vini querido, amei sua crônica, reflete seu carinho e admiraçao por 'nossa' escritora! Que, diga-se de passagem, merece tudo isso que vc escreveu! A postura e a singeleza de Claudia e a simpatia e o respeito do músico Nei Lisboa pelo trabalho de sua amada - dois artistas reconhecidos - provam que ser famoso e ter sucesso não precisa deixar ninguém pedante ou chato! Basta ser o que se é, naturalmente! Ser humanos com todos nossas virtudes ou debilidades (q cada um dê o nome q quiser) sem medo de ser piegas ou careta, como nós! Amei passar esses momentos com vcs! Bjs querido
    PSIU.: ainda quero testemunhar lançamentos seus numa Feira do Livro de POA. Com carinho da maju

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  3. Muito lindo! Você passeia pelas palavras com uma intensidade e sensibilidade fora do comum. Adorei o seu jeito de escrever!!!

    Abraços,

    Paolla

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